É época de colocar novos planos em prática. Época também de fazer o exercício de perceber sinais e antecipar o comportamento do consumidor. É claro que a virada no calendário não significa ruptura com as tendências já identificadas. Mas alguns sinais no comportamento do consumidor merecem ser destacados. Isso porque se ganharem força devem se revelar como desafios e oportunidades neste ano.
Neste artigo selecionamos três tendências de comportamento do consumidor para 2025 que valem nossa atenção. E ao final, para quem quer se aprofundar nas tendências, sugerimos uma lista com alguns relatórios que trazem boas análises para este ano.
TENDÊNCIA 1
CANSAÇO TECNOLÓGICO
Não é à toa que a palavra Oxford de 2024 foi “brain rot”. Tendo como significado “a suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, especialmente vista como resultado do consumo excessivo de material (agora particularmente conteúdo online) considerado trivial ou pouco desafiador. Também: algo caracterizado como provável de levar a tal deterioração”.
Nos anos anteriores já vimos pistas de que o excesso de exposição às telas tem trazido efeitos negativos para a saúde mental. Excesso de informação, demasiada cobrança pessoal, bullying, assédio nas redes e por aí vai. A tendência é que as pessoas sejam mais seletivas em seu tempo de internet.
As empresas têm investido muito em simplificar o processo de compra, não dando tempo para a desistência. Neste ano não deve ser diferente.
Uma das queixas dos consumidores, em especial, deve receber atenção: a enorme quantidade de produtos no momento da escolha está tornando a tarefa de compra cansativa e gerando ansiedade.
A intenção das empresas sempre foi prender o consumidor aos seus sites, mostrando infinitos modelos de produtos. Porém, prolongar a tarefa de escolha está cansando o consumidor, que desiste da compra do produto.
As pessoas querem mais agilidade. Esse desejo já impulsionou mudanças, que se mantém em alta, como o clique zero e os vídeos e textos mais curtos. Podemos observar como essa tendência avançou ao comparar o comportamento dos usuários no Facebook e no Instagram. No auge do Facebook as publicações continham mais texto, comentários e interação. No Instagram, reinam as imagens e a interação até acontece, mas não é o foco.
E por falar em agilidade, o tempo gasto em produção e edição não é mais tão valorizado pela audiência em geral. Se preocupe menos em gastar com equipamentos e produção e invista em identificar o que é importante para seu público. O uso do humor, por exemplo, continua forte, mas tudo depende do conhecimento que a empresa tem do seu cliente.
Ainda sobre o tema produção, o público tem relacionado autenticidade a conteúdos com pouca edição, principalmente em vídeos com depoimentos. Além disso, menos edição = mais agilidade. Outra característica apreciada nas mídias sociais.
Para se conectar com os consumidores nas mídias sociais as apostas continuam sendo os conteúdos criados por colaboradores, por clientes e por influenciadores que tenham uma identificação com a marca e o público. Dentro e fora das redes, o importante é gerar um sentimento de pertencimento. Dois ótimos exemplos são o fandom e o brandom, campeões no engajamento do público.
Mas nem tudo se resume a pressa. Os usuários estão descobrindo novas formas de se informar, aprender e se divertir. Estão consumindo conteúdos mais longos em texto, podcast e vídeo com qualidade de informação aliada ao entretenimento.
TENDÊNCIA 2
DESEJO DE CONVIVÊNCIA
O cansaço da internet também pode ser percebido em outras mudanças no comportamento. Até mesmo a geração Z, nascida entre 1997 e 2009, primeira geração de nativos digitais, está buscando conexão na internet e fora dela.
Alguns sinais no comportamento da sociedade devem ser observados. Na rede, poderemos ter diminuição da conexão e do engajamento. Isso poderá se dar na escolha de plataformas que não sobrecarreguem com informação e na maior seleção dos conteúdos de interesse.
Mas a grande mudança pode acontecer com a busca por experiências e o desejo de convivência fora da rede.
Como grandes exemplos temos os encontros em pequenos grupos, a volta dos jogos de tabuleiro, os fandoms e a valorização dos momentos em casa.
Para as empresas é a oportunidade de fortalecer a conexão com sua audiência, dentro e fora da internet. Isso pode ser feito por meio de eventos, formação de comunidades, programas de fidelidade e na transformação das lojas em locais de encontro e experiências. A ideia é promover o engajamento e sentimento de pertencimento.
É o momento de repensar o investimento em marketing. Principalmente na manutenção do consumidor que já conhece sua marca. Depois de alguns anos o marketing tradicional está voltando a fazer a diferença, com estratégias de relacionamento e engajamento da audiência.
E essa busca por conexão está afinada com a terceira tendência a ser destacada, que é a nostalgia.
TENDÊNCIA 3
NOSTALGIA
O próprio desejo de conexão física é indicativo da nostalgia. Essa tendência já nos acompanha há algum tempo, por exemplo com a volta da polaroid e do vinil, seguida pelas fitas cassetes e CDs. Já falamos um pouco sobre isso em uma postagem no LinkedIn.
Ted Gioia, em um de seus artigos no Substack, comenta que 75% das músicas ouvidas nos streamings não são lançamentos, segundo pesquisa da Luminate. São parte do catálogo, o que quer dizer que foram lançadas há mais de 18 meses.
Da mesma forma, séries e filmes antigos são apresentados como novidade nos streamings. Mesmo entre os lançamentos vemos antigas histórias sendo recontadas. Isso contribui para que as novas gerações tenham familiaridade com a estética de outras épocas.
Como parte dessa tendência nostálgica está a estética retrô, que deve ser destaque em 2025. Ao falarmos sobre as duas primeiras tendências ressaltamos a necessidade de fortalecer a conexão com o consumidor, seja dentro ou fora da rede. Novamente, ao pensarmos na nostalgia, o conceito de pertencimento aparece, dessa vez atrelado à familiaridade da estética.
Essa tendência de nostalgia também cresce com o interesse das marcas pelo público consumidor acima dos 50 anos. Os baby boomers e a geração X atraem os olhares das empresas ao ter uma vida mais ativa e comportamentos de consumo diferentes da geração anterior, os builders, nascidos entre as décadas de 20 e 40.
Se você quer se aprofundar nas tendências para 2025 sugerimos uma lista com alguns relatórios que trazem boas análises. Diversas instituições e empresas publicam relatórios, estudos e previsões que são muito úteis. Juntos, oferecem uma gama de informações e opiniões que podemos usar como base para dar suporte para nossas próprias percepções ou ajudar a identificar algo que não surgiu em nosso radar.
Largue à frente da concorrência com a análise de sinais fracos