Mercado literário: autores independentes e BookTokers

Você já teve a oportunidade de assistir à série Silo, da Apple? Apesar de histórias pós-apocalípticas não serem uma novidade, o argumento é criativo e o mistério te envolve na história. A série é baseada nos livros de Hugh Howey, que alcançou o sucesso como escritor independente. Ele é um ótimo exemplo de como o mercado editorial foi revolucionado nos últimos anos.

Há algumas semanas publicamos um artigo sobre as tendências na televisão. As novas tecnologias revolucionaram o mercado de comunicação e entretenimento. E da mesma forma que as opções de TV aumentaram, também outros dois mercados foram marcados por essa mudança, o de livros e o de música. Isso tem tudo a ver com a teoria da cauda longa. Você conhece essa teoria?

A cauda longa se refere ao prolongamento da curva de um gráfico de vendas ou de distribuição de produtos. Pensando em música ou livros, a logística de vendas limitava o número de títulos disponíveis. Havia o custo de produção, impressão e distribuição dos exemplares, criando um funil que limitava o número de obras disponíveis e autores publicados. Com o início da venda pela internet e, principalmente, com a comercialização de livros e músicas digitais, os custos de produção e distribuição caíram.

No ramo editorial isso abriu espaço para que novos autores fossem publicados. Mesmo que não vendam tanto quanto as publicações que estão no topo da curva a grande quantidade de autores e títulos disponíveis e o custo mais baixo viabilizam comercialmente obras antes indisponíveis para o público. Isso faz com que a curva no pé do gráfico, mesmo que baixa, se prolongue, formando a cauda longa.

Isso trouxe uma mudança significativa em algumas indústrias.  Agora a quantidade produzida não precisa ser grande para diluir o custo de produção. E mesmo que um lançamento não seja um bestseller, a venda reduzida de uma lista ampla de títulos também gera lucro para as empresas. Os mercados se adaptaram para disponibilizar um número maior de produtos e os clientes têm acesso a artistas e autores antes desconhecidos e que agradam nichos específicos.

Outra grande revolução nos dois mercados foi a perda de força no domínio dos negócios que comandavam as cadeias de produção e definiam quem eram os escolhidos para lançar suas músicas e livros. As novas tecnologias permitiram que qualquer pessoa possa produzir e distribuir livros e música. Muitos querem apenas dividir sua arte e outros pretendem ser profissionais.

Particularmente considero muito interessantes as experiências na produção literária. A autopublicação não é nova. Muitos já investiram seu próprio dinheiro na impressão de livros. E, novamente, as novas tecnologias facilitaram a publicação independente. Já estamos conhecendo histórias de escritores que se tornaram sucesso sem o apoio de nenhuma editora.

Hugh Howey é o autor dos livros em que a série Silo foi baseada e começou como um autor independente. Ele mesmo foi publicando a história em partes na Amazon e ganhando leitores que esperavam a publicação dos próximos capítulos. Seu sucesso aconteceu sem a necessidade de publicidade.

Autores desconhecidos, mesmo que ligados a editoras, têm chances de se tornarem conhecidos graças às mídias sociais. Um dos casos mais conhecidos é do autor Lloyd Richards, autor com poucas vendas de seu livro que se tornou sucesso depois que a filha postou um vídeo no TikTok sobre a dedicação de seu pai como autor.

Segundo The Economist, a comunidade BookTok, em que leitores indicam suas obras preferidas, está entre as maiores do TikTok. Porém, segundo a Nielsen somente 3% das vendas de livros na Grã-Bretanha no ano passado vieram do TikTok e YouTube. E o mais interessante é que na mídia social o livro impresso tem mais apelo, pela sua imagem, do que o digital.

Apesar de tanto sucesso no TikTok o mercado editorial continua sofrendo. As indicações de livros pelas mídias sociais podem ajudar, mas não substituirão as funções de divulgação antes exercidas pelas livrarias físicas. Outra tendência são os clubes de assinaturas, com a facilidade de receber o livro em casa e contar com uma curadoria para a escolha dos títulos.

O mercado por assinatura deu muito certo para as TVs e a música. Inicialmente havia preocupação com o futuro do mercado musical com o surgimento dos downloads e aplicativos de streaming. Em 2022, o valor global dos direitos autorias na música chegaram a 41,5 bilhões de dólares, um aumento de 14% em relação a 2021. Alguns mercados estão conseguindo se reinventar, outros como o literário e o de revistas ainda não encontraram um modelo de negócios que estabilize o setor.

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