Demandas ainda não identificadas são motor para inovação

Um dos pontos chave para criar um produto inovador é atender a uma demanda latente. Foi assim com os smartphones: carregar a internet na mão soava até meio absurdo antes dos primeiros protótipos. Foi assim com o Uber: pagar para pegar carona com alguém era uma ideia estranha. Mas hoje é difícil viver sem essas duas facilidades – sem contar que a primeira viabilizou a segunda.

Olhar além do retrato de mercado, do que acontece agora, e imaginar alternativas é uma das coisas que a Inteligência Competitiva e de Mercado (IC&M) faz. Porque como eu já expliquei em outro post, IC&M não foca somente em competição, mas nas forças competitivas do mercado. E uma delas é o cliente.

Para identificar demandas latentes, é preciso olhar para os clientes. Mas não apenas para os clientes convencionais, que a empresa já atende. É preciso ir além, pensando em consumidores não-convencionais e em usos não-convencionais por parte dos consumidores.

Framework

Três pesquisadores da IMD Business School, Cyril Bouquet, Jean-Louis Barsoux e Michael Wade, desenvolveram um modelo bastante interessante baseado nessa premissa em seu livro ALIEN Thinking: The Unconventional Path to Breakthrough Ideas. Eles criaram um framework com quadrantes para cada tipo de olhar sobre os clientes: telescópio, caleidoscópio, microscópio e panorama.

Para saber mais sobre esse framework, acesse o artigo dos autores na Harvard Business Review (para assinantes, em inglês).

Ao focar profundamente nas experiências rotineiras dos consumidores já conhecidos, o analista está adotando a estratégia de microscópio. Já a estratégia panorâmica exige que se troque a lente e olhe para essas mesmas experiências buscando padrões de grupo entre os consumidores conhecidos. Já ao olhar individualmente para consumidores fora do público usual da empresa, o analista usará a estratégia do telescópio. E se buscar uma visão ampla dos padrões de consumidores com diversos perfis, a estratégia é a do caleidoscópio.

Contudo, ao olhar de forma ampla para grupos de consumidores, podem surgir muitas demandas. Mesmo nas estratégias de grande foco nas experiências individuais – telescópio e microscópio – o volume informacional pode ser impressionante e difícil de filtrar em resultados que levem à ação.

Aqui na Link, adotamos algumas metodologias para restringir as alternativas. Conhecer os limites da empresa, por exemplo. O quanto ela pode investir em produtos inovadores, o quanto ela está disposta a divergir da sua atuação tradicional, o quanto está preparada a desenvolver novos modelos de go to market. Sabendo disso, fica mais fácil de fazer a análise das informações coletadas.

Capa do livro Small Data de Martin Lindstrom

Mergulhando a fundo

Um livro interessante sobre como obter informações hiperfocadas em indivíduos (estratégias de microscópio e telescópio) é Small Data: Como Poucas Pistas Indicam Grandes Tendências, de Martin Lindstrom. Nesse livro, Lindstrom foca nos insights do analista ao adotar um modelo de coleta de informações que é mais do que pesquisa qualitativa. Ele não faz apenas entrevistas em profundidade, mas mergulha no dia a dia dos clientes-alvo. Entra em seus quartos, faz refeições com eles. Essa perspectiva única, somada ao foco do analista em saber o que está buscando, gera insights valiosos para os clientes.

Related Posts

23

out
Audiência, Branding, Comunicação, Comunicação organizacional, Consumidor, Marketing

Como marcas conhecidas deixam de ser relevantes?

Não é fácil para as empresas sobreviverem em uma época com tantas mudanças do mercado e que acontecem tão rapidamente. Ultimamente o destaque tem sido para duas gigantes – Disney e Tupperware – que enfrentam dificuldades para se adaptar às mudanças nos hábitos de consumo. Ambas não estão conseguindo cativar o público mais jovem. A grande diferença entre as duas é que a Disney está buscando alternativas em seu modelo de negócio, enquanto a Tupperware demorou muito para se modernizar.

bases de dados

19

set
Inteligência Competitiva e de Mercado, Inteligência descomplicada, Todos os temas

Conheça nossas bases de dados preferidas

Aqui na Link, nos últimos meses estamos imersos em tabelas. Estamos atendendo dois clientes com projetos que exigem extensa pesquisa em bases de dados. Sempre é interessante conhecer novas bases de dados, mas com a experiência você começa a ter suas preferidas, aquelas que você sabe que fornecerão os dados necessários com confiabilidade. Vamos dividir essa experiência com você contando quais são nossas bases preferidas e que devem ser o início de um bom estudo de inteligência.