Piloto desde garoto, quando andava pela pequena cidade onde cresci numa Monareta S50, mestre e senhor de poderosos três HP e 50 cilindradas. Hoje rodo com uma moto “de verdade”, maior e mais confortável, projetada para pegar estrada. Nesses quase 40 anos acelerando, precisei aprimorar minhas habilidades como piloto para seguir rodando sem graves incidentes.
Nos negócios é mais ou menos a mesma coisa. Quando a empresa vai crescendo, os gestores precisam crescer junto, num processo natural – ou quase natural. Mas nem sempre a mentalidade, a cultura da empresa e, consequentemente, seus processos, evoluem junto.
Nesse aspecto, motociclismo e liderança empresarial são parecidos. Conduzir uma moto e gerir uma empresa exigem certo nível de experiência, capacidade e conhecimento. Com o tempo, o cérebro fica programado a tomar decisões rápidas e acertadas, com base em experiências passadas, no conhecimento acumulado e na confiança na própria capacidade de decidir.
Reações rápidas
Isso ajuda quando o piloto encontra areia ou óleo na pista em uma curva. E também quando o gestor precisa ajustar a estratégia de vendas para responder à entrada de um novo concorrente ou a uma mudança no ambiente de negócios.
Outro aspecto é olhar à frente o máximo possível. Quem tem boa experiência pilotando sabe que a moto naturalmente vai na direção em que o piloto virar a cabeça. Os menos experientes, preocupados com o trânsito, giram a cabeça para outras direções e causam acidentes ao perder o traçado da pista.
Mais de uma vez vi gestores concentrados no seu dia a dia, perdendo noção do que pode ocorrer no longo ou médio prazo. Sem essa percepção fica muito difícil planejar para eventualidades futuras, causadas por mudanças que são possíveis de prever ou monitorar (alterações na legislação, entrada de novos concorrentes, surgimento de produtos ou serviços disruptivos etc.).
Informação e decisão
Eu digo nos treinamentos de Inteligência Competitiva e de Mercado (IC&M) da Link Estratégia que todos somos analistas, o tempo todo. Mesmo decisões simples, como avançar ou frear num cruzamento, envolvem a coleta de informação (olhar para os lados, identificar a posição de outros veículos) e sua análise (avaliar a velocidade, o trajeto) antes de decidir. Na gestão de empresas, não é diferente. Informação precisa e análise fundamentada suportam a decisão.
Motociclismo e negócios ainda têm em comum o risco e a incerteza. Inegavelmente, há mais em jogo quando estou sobre a moto do que quando estou atrás do volante de um carro. Como dizem por aí: na moto, o para-choque é você. No ambiente corporativo, conduzir uma empresa também é uma atividade cheia de incerteza e risco. Há muitas variáveis envolvidas no sucesso de uma empresa. A melhor maneira de minimizar o risco e reduzir as incertezas é olhando para a frente, com informação e análise. É para isso que serve Inteligência Competitiva e de Mercado.