Já parou para pensar como determinadas tendências globais vão afetar seu negócio? Esse não é um exercício comum entre as empresas e seus líderes. A concentração no entorno mais imediato e palpável da empresa por vezes faz com que sejamos pegos desprevenidos.
E não é o caso de tendências óbvias, como inflação global ou desvalorização do real. Nisso, todos os empreendedores prestam atenção. Mas e quanto ao desenvolvimento de veículos autônomos, por exemplo? A retomada da exploração espacial? O aumento no número de eventos climáticos extremos?
Normalmente, um empresário de fora dos ramos automotivo de ou logística não daria muita atenção à questão dos carros autônomos, por exemplo. Mas há impactos, sim. Por vezes ameaças, por vezes oportunidades.
Atendemos um tempo atrás uma empresa multinacional que produz, entre outras coisas, maquiagens. O setor de P&D da companhia buscava identificar tendências gerais que impactariam seu negócio no longo prazo.
No caso deles, fizemos uma relação entre veículos autônomos e a oportunidade de desenvolvimento de produtos de maquiagem resistentes a frio e calor. O raciocínio, calcado em muitas entrevistas com pessoas chave em diversas áreas e campos de conhecimento, é de que mais pessoas vão usar o tempo em deslocamento nos seus carros para aplicar maquiagem.
Em locais muito quentes, como o Rio de Janeiro, ou muito frios, como Copenhagen, levarão vantagem produtos de maquiagem que possam resistir a essas variações de temperatura. Porque alguns usuários e usuárias de maquiagem vão preferir manter a bolsa com produtos no carro em vez de levar consigo a tiracolo.
Parece uma relação distante, mas há um método para se chegar a esse tipo de análise. Um deles que usamos na Link é uma adaptação do chamado método Delphi. O método Delphi consiste em montar painéis com especialistas em um determinado assunto para obter uma análise de consenso.
Subvertemos esse método ao montar os painéis com pessoas de diferentes perfis e backgrounds. Em vez de digamos, trabalhar somente com experts em cosméticos, recrutamos especialistas em emergências climáticas, tecnologia da informação, energia, empreendedorismo, inclusão social, educação, moda etc.
Esse ambiente mais diverso (não só na carreira profissional, mas na origem geográfica, língua, classe social) promove a criatividade e cria a possibilidade de insights mais ricos que saem fora do pensamento corrente. O famoso “pensar fora da caixa”. A imbricação entre áreas diferentes gera ideias novas e inusitadas, que então passam por uma validação usando o método Delphi tradicional.
Essa abordagem é especialmente rica para as áreas de corporate venture capital, por exemplo. Empresas de grande porte que querem investir em P&D e startups disruptivas, primeiro precisam definir suas teses, identificando o que é disruptivo, mas tem potencial para crescimento e vai gerar ROI palpável ao longo do tempo. Entes públicos e instituições de classe, responsáveis por políticas de longo prazo, também se beneficiam desse tipo de abordagem.
Além disso, ao recrutar experts de diversas áreas, fora do público tradicional da empresa ou instituição, estabelecem-se novas oportunidades de network. Cada um desses painelistas se torna um nó que atrai mais pessoas com perfil similar para a rede da empresa ou instituição, enriquecendo ainda mais o processo.
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